"SUA OPINIÃO EM RELAÇÃO A DIVISÃO DO ESTADO DO PARÁ"
A FAVOR.
CONTRA
AINDA NÃO TENHO UMA DEFINIÇÃO
Votar
resultado parcial...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Gostar de ficar doente

 Por Vida e Saúde
Daniel Oliveira
Muitos pais não sabem como lidar com seus filhos quando eles adoecem. Acabam gratificando a criança mais do que quando ela está saudável. Isso pode prejudicá-la no futuro, porque ela gostará de “ficar doente” para obter os mesmos benefícios afetivos que tinha quando era menor a fim de receber carinho e cuidados especiais.

A equipe do Dr. Whitehead, da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, fez uma pesquisa científica interessante. A equipe solicitou a um grupo de 832 adultos, escolhidos aleatoriamente, que descrevessem como seus pais atuavam quando ficavam gripados. Já os que sofriam da Síndrome do Cólon Irritável (distúrbio que pode causar diarreia, constipação intestinal e dor abdominal, cujos fatores emocionais desempenham papel importante) disseram que seus pais procuravam agradá-los dando presentes e brinquedos toda vez que estavam doentes. Essa informação, unida a outros estudos, mostra que os adultos tendem a experimentar os mesmos sintomas que chamavam a atenção de seus pais quando eram crianças ou sintomas que eles viam nos pais.

Então, por exemplo, quando os pais permitiam que uma criança faltasse à escola quando apresentava sintomas intestinais, mas não quando estava com gripe, na vida adulta parece existir maior propensão a ter sintomas intestinais e não gripe. Muitas adolescentes que haviam despertado o interesse afetivo da mãe quando apresentavam cólicas menstruais, tiveram a tendência a ter mais cólicas menstruais na vida adulta do que outras mulheres.

Isso mostra que um comportamento doentio pode ser aprendido quando é recompensado. Por isso, é importante que os pais façam o seguinte:

Evite dar a impressão, seja por comentários ou atitudes, de que você vê a doença como forma de evitar tarefas desagradáveis em sua própria vida. Os filhos imitam os pais.

Lide com a doença de maneira realista. Quando um filho adoece é normal oferecer repouso, carinho e conforto, mas se você também dá presentes e outros agrados, pode dar a impressão a ele e aos irmãos de que a criança doente é mais amada do que a criança sadia.

Tenha bom senso. Algumas queixas físicas que a criança apresenta em dias de véspera de provas, as quais desaparecem de repente, quando você liga a televisão, ou deixa brincar um pouco mais, não devem ser valorizadas. Por outro lado, sintomas como febre, distensão abdominal, sangramento retal, vômitos, requerem atenção. Na dúvida, consulte o pediatra ou o clínico da família.

Observe-se a si mesmo, para ver se você não trata um filho doente (ou não), diferentemente de outro filho. Talvez você negue essa possibilidade, mas tratar cada filho de modo diferente é mais comum do que pensamos. Você pode amá-los igualmente, mas usar maneiras afetivas diferentes com um e com outro. A mudança positiva da atitude dos pais tem início quando eles percebem esse fato e entendem que precisam lutar com seus fatores emocionais pessoais, fatores que os fazem agir de maneira diversa com os filhos, seja na saúde ou na doença deles.

[Fonte: Vida e Saúde – janeiro 2012, p.24]